terça-feira, 28 de abril de 2015

GALERIA - p i n t u r a - por Tito Oliveira

Da série A Cor Na Bahia Revela O Recinto Pitoresco - “Lânguida Cavalgadura” - mista sobre papel - 
80x100cm - Salvador - Bahia - 2015 

domingo, 26 de abril de 2015

POUCAS & BOAS - "A Outra Face Da Cordialidade Baiana" - por Tito Oliveira

Por Tito Oliveira -
estudo para pintura da série A Cor Na Bahia Revela Um Recinto Pitoresco -
"Contra Curso" - carvão sobre papel - 60x80cm- Salvador - Bahia - 2015
Numa reunião social, o mínimo assalariado porta um telefone celular que custa cinco vezes o que fatura num mês (santa inteligência!) e, com o desesperado desejo de conquistar a Moça, tenta desdenhar de quem a acompanha usufruindo do deselegante hábito em chamar aquele que mal conhece de playboy.

Logo, assim foi atendido o seu chamado:

--- Olá?! Playboy não sou, já que possuo nome e trabalho digna e plausivelmente para manter o que vivo e desfruto. Por outro lado, o contexto que o envolve enuncia quem, entre nós, ostenta lamentável posto (lamentável ao menos aos salvos da ignorância). Risível!

Este não entendeu, e exclamou:

--- "Quê"?!

Então complementei:

--- Bom seria clamar por um salva-vidas, para que o resgate do mar de insegurança onde estás prestes a afogar-se, senhor Enfadonho!

Daí a Moça agarrou-se em meu braço, despediu-se do "amigo agradável" e protegeu-me de demais dissabores.

CONCLUSÃO

Relacionar-se socialmente por aqui assemelha-se a currais, onde animais relincham por espaço ao recepcionar um novo ocupante.

Quer dizer, talvez eu esteja sendo injusto com os quadrúpedes, que insinuam-se mais civilizados.

Ou, talvez, deva eu comunicar-me emitindo "brother´s", "véis' ou "parceiros", para ser aceito na roda dos horrores.

Melhor pensando, se eles conseguiram assassinar o rock and roll com a ramificação repetida e ensimesmada de suas tribos, imagina então o que fariam com minha sombra?!

Não. Melhor não.

GALERIA - f o t o / i n s t a l a ç ã o - por Tito Oliveira

Foto-instalação da série Influência Indireta - “Quase Aos Pedaços” - pigmento e colagem sobre alimento perecível - dimensões variáveis - Salvador - Bahia - 2015

quinta-feira, 23 de abril de 2015

CINEMA - c r í ti c a / d i c a - "Half Nelson" - por Tito Oliveira

Dirigido por Ryan Fleck, "Half Nelson", 2006, habita uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos para narrar a vida do professor de uma escola secundária que sofre com o vício nas drogas.

Este acaba por constituir uma improvável amizade com uma aluna, depois que ela descobre seu segredo.

Dan Dunne (Ryan Gosling) é um jovem europeu e ensina história, além de treinar a equipe de basquetebol feminino na Brooklyn High School, frequentada principalmente por estudantes negros e hispânicos .

Para o dissabor de seus superiores, Dan tem um currículo delineado em fatos históricos e a favor da filosofia, discutindo geralmente o conceito da dialética.

Como tal, captura a imaginação de seus alunos, ao menos na sala de aula.

Fora da escola a vida de Dan está caótica.

Ele tem uma relação distante, mas cordial com sua família.

Usa drogas ilícitas desenfreadamente.

Apesar de sua ex-namorada Rachel tentar limpar seu sangue do vício, Dan acredita que a reabilitação não vai adiantar para ele.

Devido a uma combinação dessas questões, ele trata mal as mulheres.

Com treze anos, Drey (Shareeka Epps) é estudante em sua classe e jogadora em sua equipe de basquetebol.

Drey tem seus próprios problemas.

Seus pais são divorciados.

Como o pai é praticamente inexistente em sua vida, e sua mãe encontra-se geralmente ausente, ela acaba afeiçoando-se com o dilema do professor.

O filme tem estética singela, com câmera de ombro e fotografia pouco sugestiva.

Porém de profunda densidade, com performances boas e espontâneas por parte dos atores, em especial a do protagonista Ryan Gosling, que já não precisa provar nada atuando no cinema.

Sua discussão, contudo, reflete que qualquer um que tenha sofrido com o vício em suas vidas, seja o próprio ou o de alguém próximo, se encontrará em alguma passagem do longa e não se sentirá só.

A obra não lida com os motivos que leva ao vício ou à recuperação, mas sobre a experiência em crua realidade.

Ainda que o espectador não tenha passado por isso em sua vida, a história o sensibiliza a ponto de aproximá-lo de ações mais altruístas, quando enfrentando esse traço em alguém, seja esse alguém próximo ou não.

Ryan Gosling, uma vez mais ressalto, veste com categoria o caráter de uma boa pessoa que se perdeu nas drogas.

Em uma das performances, onde aparece tragando um cigarro de crack, se faz digno de aplausos.

O diálogo no filme não é pretensioso, ou assumido numa despretensão demasiada.

O que o torna envolvente.

Assim, com equilíbrio e espontaneamente, a história se desenrola e nos bem oferenda com sua encorpada concepção.

Bom filme!

Pode ser visto AQUI

quinta-feira, 9 de abril de 2015

GALERIA - w o r k i n p r o g r e s s - por Tito Oliveira

Da série Composto De Um Tempo Documentado - “Autorretrato Da Saudade ” - mista sobre papel - 60x80cm - Salvador - Bahia - 2015

CINEMA - c r í t i c a / d i c a - "Marfa Girl" - por Tito Oliveira


A história concentra num garoto de 16 anos que vive em Marfa, no Texas.

Seus relacionamentos com a namorada, o vizinho, a professora, uma artista local recém-chegada, e um agente da Patrulha de Fronteira local é onde se dá o percurso do longa.

Depois de nossa mente transpirar experiências com Kids, 95, e Ken Park, 2001, nos veio a desagradável surpresa por não registrar algo mais contundente do que Marfa Girl, 2012.

A ideia é que o diretor Larry Clark estagnou num pomar de flores noventistas e não cansa de apresentar sua repetição imagética e gestual, de cenário bucólico, enquanto premissa para devaneios de adolescentes transviados ou afogados no ócio.

Críticas a Ken Park não tocaram seu coração e pouco atenuaram a demanda de suas produções, que permanecem em um nível de banalidade mecanizada.

O resultado, claro, não funciona para o cinema.

Os personagens enfatizados são originários de uma comunidade de espanhóis e americanos que vivem em algum lugar do Oeste ao Sul profundo dos Estados Unidos.

Estes são levados a um extremo ponto de loucura, causado pelo tédio ou momentos de pouca profundidade em suas existências.

Adam (Adam Mediano) tem 16 anos e anda com um grupo de pseudo-músicos, ou "artistas" que passam o dia drogando-se, fornicando e batendo instrumentos.

O policial local é um maníaco psicopata suscitado pela dor de sua medíocre vida, enquanto investiga a mãe de Adam, que estima uma energia cósmica no convívio com aves e mídias sonoras.

Até aí nada que condene a obra.

Por outro lado, não seria absurdo dizer que isso é tudo que existe no filme.

Seu enredo é praticamente inexistente, as atuações são como vídeos caseiros que visam a janela do Youtube para auto-promoção.

Os diálogos são incoerentes.

E, como em todos os filmes de Larry Clark, o elenco foi desnudado para copular à frente de uma, digamos, tripulação.

Ao conferir o longa, nos depararemos com um excesso de seis jovens traseiros masculinos batendo para cima e para baixo por cima de uma garota de forma tão convincente que duvida-se ter sido simulado.

Larry Clark certamente teve um bom tempo assistindo suas convulsões, mas desta vez ele não deveria ter compartilhado-as com o público consciente, já que seu trabalho é constrangedor.

Ao contrário de Ken Park, não há choque como uma explícita ejaculação.

E também evitou um frontal masculino de pênis ereto, para expressar sua degradação comercial.

Resumindo, todas essas agitações visíveis foram, desta vez, mantidas firmemente dentro de uma bermuda folgada de um garoto.

Ou seja, Larry Clark finalmente desceu ao coyness holliwoodianos ao atolar-se na banalidade arada no tédio regional de gênero tão comum quanto sua forma de fazer cinema.

Talvez, suas nuances videoartísticas estivessem melhor adequadas numa galeria, ou instituição pública, depois de vencer um edital de artes visuais com o auxílio do bom padrinho.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

POUCAS & BOAS - "Do Sossego Ao Avesso" - por Tito Oliveira

Estudo para pintura - "Lânguida Cavalgadura" - caneta esferográfica sobre
papel - 60x60cm - Salvador - Bahia - 2015
O que supõe-se ser isso, uma posição nos ares de outono (que mais parece alto verão) ou uma espécie de inferno gentil?!

É incrível como, desde o fim da estação mais quente do ano, a impressão que se tem é de um clima que nos deixa todavia mais próximos do sol.

Pensar, hipoteticamente, em ser a Índia provida de temperatura maior do que isso, restaria-me apenas padecer até o plano póstumo, tranquilo por não ansiar senti-la na Ásia.

Afora toda embriaguez na confusão com descobertas de substâncias em alimentos que nos faz bem ou mal, pesquisas cientificas afirmam que o clima frio é mais propenso à introspecção.

Logo existe um estímulo maior ao desenvolvimento intelectual, já que as pessoas estão menos vulneráveis aos prazeres esbanjados e aptas à evolução emocional, ou produção profissional, por assim dizer.

Vide o recinto exalar o odor de um povo que mais justapõe-se ao rebanho induzido por um sistema operacional explicitamente manipulativo.

Com a temperatura esquentado o cérebro em alto grau, fica mais fácil assim ser, fazer.

Não obstante fosse o fervor que nos aproxima do estado evaporado, a sofrência nos rodeia nas extremidades mais remotas da geografia adornada por praias de extensos quilômetros.

Os apreciadores do distúrbio cultural encontram-se tão hipnotizados, que o sangramento aparente na membrana situada no fundo do canal auditivo externo passou a ser latente.

O curioso é que o excesso evocado pelo "beber e dançar, para esquecer o sofrer", é dançado e bebido na sofrência.

O teor não é atenuado no âmbito intelectual e acadêmico, onde se critica o emergente cantor bebendo e dançando: a sofrência.

Estes são os mesmos que, apreciando o "letrado" cântico reafirmar o machismo nos orientando que "... Homem não chora e nem pede desculpas", ojerizam quem votou em prol do Governo Dilma.

Na escola alunos do ensino médio impressionam-se com o professor de redação que desenvolve um texto sem o auxílio de livros, e bravejam quando expostos à tentativa de introduzi-los, minimamente que seja, na realidade que causa violência e dificuldade social. Cantando, em seguida, e em coro, o ruído trajado no rótulo musical de um Falcão reinventado: "... O gato mia, a muriçoca pica... Juntos: mia pica", e saem num requebrado que, convenhamos, chega a constranger só em presenciar.

Quer dizer, se um professor de redação não consegue desenvolver um texto habilmente, melhor seria rever seus conceitos de escrita, estando disposto à prática da tornearia mecânica, por exemplo. Vai que melhora o desempenho?!

No trânsito em meio ao desenho da arquitetura antiga, pouco se justifica na memória de Gregórios, Castros, Glaubers e Amados, mas no ultra sumo do despejo do corpo humano ainda em vida, porém invisível.

Caso não deseje presenciar, mire a linda baía, que está logo atrás.

A sensação de alívio é súbita, uma vez que o trajeto para a apreciação é curto, por outro lado degustará do sabor que o leva do paraíso ao purgatório, vice-versa.

Em síntese, apreende-se que sofrer não associa-se ao distanciamento perante a educação, mas, antes, numa espécie de ranço cultural que opõe-se ao bom senso fortuito. Formalizado, então, melhor não imaginar!

Seria, por exemplo, igualmente a pensar que a gravidez precoce em regiões socialmente menos favorecidas é decorrência do não acesso à informação.

Ingenuidade.

Esta é, sobretudo, causa cultural.

Mães costumam dizer, orgulhosamente: "Eu a tive aos 15 anos, e você está aqui, linda e saudável!".

Outra fala recorrente: "É tão lindo ter filho ainda jovem (15 anos)!".

Uma Tia querida disse-me certa vez: "Quer conhecer, de fato, a mulher com quem dormes?! Separe-se dela".

Não que a ideia consolide uma regra.