quinta-feira, 9 de abril de 2015

CINEMA - c r í t i c a / d i c a - "Marfa Girl" - por Tito Oliveira


A história concentra num garoto de 16 anos que vive em Marfa, no Texas.

Seus relacionamentos com a namorada, o vizinho, a professora, uma artista local recém-chegada, e um agente da Patrulha de Fronteira local é onde se dá o percurso do longa.

Depois de nossa mente transpirar experiências com Kids, 95, e Ken Park, 2001, nos veio a desagradável surpresa por não registrar algo mais contundente do que Marfa Girl, 2012.

A ideia é que o diretor Larry Clark estagnou num pomar de flores noventistas e não cansa de apresentar sua repetição imagética e gestual, de cenário bucólico, enquanto premissa para devaneios de adolescentes transviados ou afogados no ócio.

Críticas a Ken Park não tocaram seu coração e pouco atenuaram a demanda de suas produções, que permanecem em um nível de banalidade mecanizada.

O resultado, claro, não funciona para o cinema.

Os personagens enfatizados são originários de uma comunidade de espanhóis e americanos que vivem em algum lugar do Oeste ao Sul profundo dos Estados Unidos.

Estes são levados a um extremo ponto de loucura, causado pelo tédio ou momentos de pouca profundidade em suas existências.

Adam (Adam Mediano) tem 16 anos e anda com um grupo de pseudo-músicos, ou "artistas" que passam o dia drogando-se, fornicando e batendo instrumentos.

O policial local é um maníaco psicopata suscitado pela dor de sua medíocre vida, enquanto investiga a mãe de Adam, que estima uma energia cósmica no convívio com aves e mídias sonoras.

Até aí nada que condene a obra.

Por outro lado, não seria absurdo dizer que isso é tudo que existe no filme.

Seu enredo é praticamente inexistente, as atuações são como vídeos caseiros que visam a janela do Youtube para auto-promoção.

Os diálogos são incoerentes.

E, como em todos os filmes de Larry Clark, o elenco foi desnudado para copular à frente de uma, digamos, tripulação.

Ao conferir o longa, nos depararemos com um excesso de seis jovens traseiros masculinos batendo para cima e para baixo por cima de uma garota de forma tão convincente que duvida-se ter sido simulado.

Larry Clark certamente teve um bom tempo assistindo suas convulsões, mas desta vez ele não deveria ter compartilhado-as com o público consciente, já que seu trabalho é constrangedor.

Ao contrário de Ken Park, não há choque como uma explícita ejaculação.

E também evitou um frontal masculino de pênis ereto, para expressar sua degradação comercial.

Resumindo, todas essas agitações visíveis foram, desta vez, mantidas firmemente dentro de uma bermuda folgada de um garoto.

Ou seja, Larry Clark finalmente desceu ao coyness holliwoodianos ao atolar-se na banalidade arada no tédio regional de gênero tão comum quanto sua forma de fazer cinema.

Talvez, suas nuances videoartísticas estivessem melhor adequadas numa galeria, ou instituição pública, depois de vencer um edital de artes visuais com o auxílio do bom padrinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário