quinta-feira, 23 de abril de 2015

CINEMA - c r í ti c a / d i c a - "Half Nelson" - por Tito Oliveira

Dirigido por Ryan Fleck, "Half Nelson", 2006, habita uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos para narrar a vida do professor de uma escola secundária que sofre com o vício nas drogas.

Este acaba por constituir uma improvável amizade com uma aluna, depois que ela descobre seu segredo.

Dan Dunne (Ryan Gosling) é um jovem europeu e ensina história, além de treinar a equipe de basquetebol feminino na Brooklyn High School, frequentada principalmente por estudantes negros e hispânicos .

Para o dissabor de seus superiores, Dan tem um currículo delineado em fatos históricos e a favor da filosofia, discutindo geralmente o conceito da dialética.

Como tal, captura a imaginação de seus alunos, ao menos na sala de aula.

Fora da escola a vida de Dan está caótica.

Ele tem uma relação distante, mas cordial com sua família.

Usa drogas ilícitas desenfreadamente.

Apesar de sua ex-namorada Rachel tentar limpar seu sangue do vício, Dan acredita que a reabilitação não vai adiantar para ele.

Devido a uma combinação dessas questões, ele trata mal as mulheres.

Com treze anos, Drey (Shareeka Epps) é estudante em sua classe e jogadora em sua equipe de basquetebol.

Drey tem seus próprios problemas.

Seus pais são divorciados.

Como o pai é praticamente inexistente em sua vida, e sua mãe encontra-se geralmente ausente, ela acaba afeiçoando-se com o dilema do professor.

O filme tem estética singela, com câmera de ombro e fotografia pouco sugestiva.

Porém de profunda densidade, com performances boas e espontâneas por parte dos atores, em especial a do protagonista Ryan Gosling, que já não precisa provar nada atuando no cinema.

Sua discussão, contudo, reflete que qualquer um que tenha sofrido com o vício em suas vidas, seja o próprio ou o de alguém próximo, se encontrará em alguma passagem do longa e não se sentirá só.

A obra não lida com os motivos que leva ao vício ou à recuperação, mas sobre a experiência em crua realidade.

Ainda que o espectador não tenha passado por isso em sua vida, a história o sensibiliza a ponto de aproximá-lo de ações mais altruístas, quando enfrentando esse traço em alguém, seja esse alguém próximo ou não.

Ryan Gosling, uma vez mais ressalto, veste com categoria o caráter de uma boa pessoa que se perdeu nas drogas.

Em uma das performances, onde aparece tragando um cigarro de crack, se faz digno de aplausos.

O diálogo no filme não é pretensioso, ou assumido numa despretensão demasiada.

O que o torna envolvente.

Assim, com equilíbrio e espontaneamente, a história se desenrola e nos bem oferenda com sua encorpada concepção.

Bom filme!

Pode ser visto AQUI

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