segunda-feira, 6 de abril de 2015

POUCAS & BOAS - "Do Sossego Ao Avesso" - por Tito Oliveira

Estudo para pintura - "Lânguida Cavalgadura" - caneta esferográfica sobre
papel - 60x60cm - Salvador - Bahia - 2015
O que supõe-se ser isso, uma posição nos ares de outono (que mais parece alto verão) ou uma espécie de inferno gentil?!

É incrível como, desde o fim da estação mais quente do ano, a impressão que se tem é de um clima que nos deixa todavia mais próximos do sol.

Pensar, hipoteticamente, em ser a Índia provida de temperatura maior do que isso, restaria-me apenas padecer até o plano póstumo, tranquilo por não ansiar senti-la na Ásia.

Afora toda embriaguez na confusão com descobertas de substâncias em alimentos que nos faz bem ou mal, pesquisas cientificas afirmam que o clima frio é mais propenso à introspecção.

Logo existe um estímulo maior ao desenvolvimento intelectual, já que as pessoas estão menos vulneráveis aos prazeres esbanjados e aptas à evolução emocional, ou produção profissional, por assim dizer.

Vide o recinto exalar o odor de um povo que mais justapõe-se ao rebanho induzido por um sistema operacional explicitamente manipulativo.

Com a temperatura esquentado o cérebro em alto grau, fica mais fácil assim ser, fazer.

Não obstante fosse o fervor que nos aproxima do estado evaporado, a sofrência nos rodeia nas extremidades mais remotas da geografia adornada por praias de extensos quilômetros.

Os apreciadores do distúrbio cultural encontram-se tão hipnotizados, que o sangramento aparente na membrana situada no fundo do canal auditivo externo passou a ser latente.

O curioso é que o excesso evocado pelo "beber e dançar, para esquecer o sofrer", é dançado e bebido na sofrência.

O teor não é atenuado no âmbito intelectual e acadêmico, onde se critica o emergente cantor bebendo e dançando: a sofrência.

Estes são os mesmos que, apreciando o "letrado" cântico reafirmar o machismo nos orientando que "... Homem não chora e nem pede desculpas", ojerizam quem votou em prol do Governo Dilma.

Na escola alunos do ensino médio impressionam-se com o professor de redação que desenvolve um texto sem o auxílio de livros, e bravejam quando expostos à tentativa de introduzi-los, minimamente que seja, na realidade que causa violência e dificuldade social. Cantando, em seguida, e em coro, o ruído trajado no rótulo musical de um Falcão reinventado: "... O gato mia, a muriçoca pica... Juntos: mia pica", e saem num requebrado que, convenhamos, chega a constranger só em presenciar.

Quer dizer, se um professor de redação não consegue desenvolver um texto habilmente, melhor seria rever seus conceitos de escrita, estando disposto à prática da tornearia mecânica, por exemplo. Vai que melhora o desempenho?!

No trânsito em meio ao desenho da arquitetura antiga, pouco se justifica na memória de Gregórios, Castros, Glaubers e Amados, mas no ultra sumo do despejo do corpo humano ainda em vida, porém invisível.

Caso não deseje presenciar, mire a linda baía, que está logo atrás.

A sensação de alívio é súbita, uma vez que o trajeto para a apreciação é curto, por outro lado degustará do sabor que o leva do paraíso ao purgatório, vice-versa.

Em síntese, apreende-se que sofrer não associa-se ao distanciamento perante a educação, mas, antes, numa espécie de ranço cultural que opõe-se ao bom senso fortuito. Formalizado, então, melhor não imaginar!

Seria, por exemplo, igualmente a pensar que a gravidez precoce em regiões socialmente menos favorecidas é decorrência do não acesso à informação.

Ingenuidade.

Esta é, sobretudo, causa cultural.

Mães costumam dizer, orgulhosamente: "Eu a tive aos 15 anos, e você está aqui, linda e saudável!".

Outra fala recorrente: "É tão lindo ter filho ainda jovem (15 anos)!".

Uma Tia querida disse-me certa vez: "Quer conhecer, de fato, a mulher com quem dormes?! Separe-se dela".

Não que a ideia consolide uma regra.

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