segunda-feira, 29 de junho de 2015

CINEMA - c r í t i c a / d i c a - "Lars And The Real Girl (A Garota Ideal)" - por Tito Oliveira

Ainda que algumas sinopses tentem descrever concisamente o longa em questão num contexto onde um jovem delirante envolve-se numa relação pouco convencional com uma boneca que ele encontra na Internet, "Lars And The Real Gil", 2007, de título traduzido para o Brasil como "A garota Ideal" é muito mais do que uma comédia para ver comendo pipoca numa tarde de sábado.

Nesta comédia, Lars Lindstrom (Ryan Gosling) é um jovem sem jeito e tímido, que vive numa pequena cidade do norte dos Estados Unidos.

"Pressionado" pelos familiares e amigos sobre ter alguém na vida com quem possa viver e construir família, ou simplesmente amar, finalmente traz para casa a garota de seus sonhos e apresenta a seu irmão e cunhada, que tanto o estima.

O único problema é que sua então amada não é real - ela é uma boneca sexual comprada na internet.

Mas o sexo não é o que Lars tem em mente, e sim um relacionamento profundo, significativo.

Sua cunhada e irmão ficam preocupados com seu excêntrico comportamento.

A ponto do irmão acreditar em sua insanidade.

Porém, eventualmente, a cidade inteira (que não é muito grande e vive em senso de comunidade) decide, sabiamente, adentrar na imaginação de Lars como forma de apoio a seu estado emocional.

O que se faz gesto de alta generosidade ao menino de boa índole e que sempre fora muito amado por todos que o rodeava.

Embora exista certo excesso em seu roteiro, como a mobilização da cidade para realizar o funeral da boneca, é difícil afirmar que o filme tem caráter pueril.

Não há maneira de discorrer sobre seu enredo sem transparecer um traço de ingenuidade, no entanto com larga distância de qualquer aspecto trivial.

Antes é preciso dizer que sua cinematografia é simples, porém consistente.

De pouca sugestão imagética.

Seja na fotografia ou direção de arte,

No entanto de composição técnica precisa,

O elenco é modesto, porém não menos talentoso.

O fato é que a narrativa delicadamente sugerida na direção encanta.

Há passagens de muito humor e comoção, ambos em tons harmoniosos.

Ryan Gosling evolui mais uma vez de forma envolvente na alma de um personagem emocionalmente recluso.

O ponto alto do filme se dá em refletirmos sobre como lidar com o que supostamente estranhamos, sem repudiar, mas desenvolvendo a capacidade de compreensão.

Muitas vezes a solução não está num diagnóstico, mas na espontaneidade que se dá o diagnóstico.

E o suporte para a sinuosidade em determinados estados no comportamento humano pode variar de uma mulher composta por silicone, um animal, ou uma comunidade tomada pelo altruísmo.

A insinuação moral nesta produção talvez seja mais do que uma, já que esta não é uma concepção comum em Hollywood.

Seu registro pode ser apenas para celebrar o humor, bem como a condição humana, de qualquer forma, você estará satisfeito com o que fez.

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