terça-feira, 9 de junho de 2015

POUCAS&BOAS - "Chove Chuva, Chove Sem Parar" - por Tito Oliveira

Por Tito Oliveira - fotografia da série As Imagens São As mais Variáveis -
Paraty - Rio de Janeiro - 2008
Conviver com a ignorância talvez seja uma das tarefas mais árduas, para quem imergiu no estado consciente perante o descaso com a saúde mental.

O que vemos no Brasil, em relação à educação ou alienação, não é novidade alguma.

Pois dão-se apenas em maior difusão de seus desdobramentos através de redes sociais etc.

Em algumas regiões do país, a exemplo de Salvador; cidade onde as pessoas possuem bons espíritos, é degradante porque o fato de não saberem preservar absolutamente nada os deixam mais feios do que realmente são.

Os olhos estão cada vez mais perdidos ou direcionados a um ponto morto, que evoca inexpressiva projeção espiritual quando observado.

A impressão que se tem, em analogia ao que tento dizer, é que por aqui a adolescência; que sempre foi uma fase muito difícil de lidar, tornou-se todavia mais torpe.

Os adolescentes são condicionados e cada vez mais distantes da capacidade mínima em propor originalidade.

Mergulham inconscientemente na onda do mar onde se encontra o maior número de banhistas, ainda que esta seja a mais poluída entre a série de ondas num mar de outono.

Quer dizer, sem fluxo não há sentido!

Quando cito a adolescência me vem uma grande preocupação, uma vez que está nesta altura a raiz de uma futura geração com quilômetros não tão largos a serem percorridos.

Não haveria como citar a adolescência sem dissertar sobre a educação.

Esta que tem cada vez menos compromisso com a pedagogia; ou que se quer esboça mínimo interesse em sua reforma, nos mostra que sua preocupação tem alicerce quase exclusivo com as imposições de mercado.

Em síntese, é preciso dizer que o professor não se faz mais referência de orientação, mas mero corpo pesado sustentado por um telhado de frágil vidro.

O posto de professor numa escola privada em Salvador consiste, antes, em encontrar-se subserviente aos mimos dos alunos e, não obstante, também terapeuta não remunerado da dolorosa neurose de pais posicionados à milhas de distância do saber sobre o que representa, de fato, o nobre ato de educar.

É claro que a depreciação humana, em cada ser individualmente, parte da fase adolescente, porém tal decadência não se restringe a esse estágio.

Uma vez que a fase adulta intensifica a balbúrdia na condição humana.

Estreitando um pouco mais a complexidade da questão ao âmbito comportamental, dado na capacidade intelectual ou na de conceber, por meio da mesma, um plano imagético, será possível alcançarmos a diferença originada no intervalo entre duas décadas, apenas.

Se pensarmos na questão estética notaremos que a moda sempre existiu, e que esta sempre possuiu, digamos, três camadas: a comercial, a conceitual e a marginal (ou "subversiva"),

As duas primeiras se mantiveram, mas a terceira; tradicional representante da veste de uma tão estimada utopia que sempre nos deu a esperança do livre caminhar, hoje é signo de um estilo repetido, enclausurado na tendência e, assim, banal, ultrajante.

Salvo poucos, é impressionante a grande quantidade de pessoas de ambos os sexos, e idades diversas, que aderiram as tatuagens sem ao menos saber sobre como esta se deu na esfera mundial (vide a história e cultura africanas); além de adeptos de cabelos e axilas coloridos que repetem-se transitando entre uma anatomia e outra, nos fazendo apreciar cada vez mais aqueles(as) de aparência limpa e beleza espontânea.

Para o aspecto intelectual é ainda mais fácil diagnosticar o atraso.

Basta entender que o mundo é bissexual, que a Dilma tem o pior Governo da história política do Brasil e que ser feminista é ser igualmente cult e revolucionária. Caso deseje ser aceito(a) no último posto é preciso, em premissa, odiar homens.

Não quero dispersar-me do que realmente interessa na concepção deste texto, já que seu objetivo se dá em como é conviver em meio à sociedade em Salvador, enquanto extensão das sociedades pré-concebidas no Brasil e no mundo.

O meio no corpo do texto apenas salienta a forma escolhida para vigorar aparente manipulação aqui na cidade, que não necessitou ser muito bem elaborada para manter o rebanho em comportamento adequado ao sistema de ordem.

Os mais chegados, ou beneficiados, devem chamar de o projeto do "Netinho" (é assim que o rapaz é tratado entre os íntimos, ainda que não frequentem sua casa)!

Ou seja, o turismo numa "cidade turística" não vende serviço, mas uma risível publicidade da prefeitura municipal ressaltando a idade da capital baiana e a posicionando como a cidade mais antiga do país.

Assim é fácil pensar que é por conta de sua idade idosa e delicada que a chuva é a maior culpada dos deslizamentos de terras, responsável pela morte de dezenas de pessoas a cada dez anos, se não menos.

Pois a tragédia não é por falta de planejamento, seja este familiar ou por meio de um engenheiro, servidor público, designado à orientar essas pessoas a não construírem em regiões de risco, acarretando em multa caso o embargo seja negligenciado.

Sendo também atribuído à idade da senhora capital baiana o fato de substituir programas de orientação popular sobre a importância da reciclagem, ou em como despejar o lixo nos pontos adequados, por um carimbo gigante e grotesco escrito: "Proibido jogar lixo neste local, lei municipal".

Sabemos que muitos traços aqui citados são um vírus mundial, no entanto potencializados em determinadas regiões em acordo com seu nível de educação.

Contudo, tratando-se de  uma das regiões mais ignorantes do país, logo também do mundo, o fato da cidade ter chegado a esta idade deve ter sido, obviamente, culpa da chuva.

E, claro que é preciso dizer que o fato de eu ter escrito este texto é, também, culpa da chuva.

Que fique claro.

Não é minha intenção causar dissabores no calcanhar de Aquiles!

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