Por Tito Oliveira - da série "As Imagens São As Mais Variáveis" - São Paulo - 2007 |
Bom para eles!
Num período de manifestações onde as vicissitudes equiparam-se a um início de leitura que nos aterroriza pelo volume resultante de um aglomerado adverbial, com adjetivos desvairados; afogado na inadequada vírgula existente ou destemido numa que deveria existir, é fácil afirmar que a base intelectual de seus entusiastas assemelha-se a de um doente que assim permanece pelo simples fato de não admitir sua enfermidade.
Sugere-se, então, ser a fisionomia de quem presencia uma dessas exposições politicamente partidárias vigentes no Brasil, das mais risíveis.
Oposto ao deleite, ou a supostos traços formosos, a impressão restante delineia clara apatia.
O partidarismo, que sempre fora adepto da linguagem embaçada e vil interesse, restringia-se a induzir, exalando o odor da leprosa epiderme, apenas a ingenuidade decorrente daqueles que sofriam na ignorância.
Mas, se a manipulação dos que habitam a condição desprovida do conhecimento da existência ou da funcionalidade de um estado de coisas quaisquer não lhes bastou, logo o partido prestou-se a elucidar a variação no sentido da ignorância aos carregados no berço de conceito inóspito, de comportamento incivil; meramente grosseiros.
O mais agravante é que a veste estendeu-se aos artistas, que ao invés de conceberem boa arte exclamam verborragia figurada no sustento de seus dispensáveis emblemas: ateliês, cafés, bons vinhos e típicos trajes.
Quer dizer, o artista não mais possui compromisso com o fazer artístico, e sim com o lamentável posto de personagem formador de opinião, ainda que rasa!
Aos acadêmicos da atualidade, bibliotecas lhes são apreendidas igualmente à enciclopédias antes vendidas nas portas das casas, para preencher estantes vazias.
Como consequência, poucos compreendem o corpo de uma universidade, e o que nelas estão fazendo.
Em analogia, e explorando o universo paradoxal da arte contemporânea; já parafraseando o literário que imaginou um pássaro amarelo num sítio para encantar o plano infantil, a propriedade que me toma incita-me declarar que a discussão político-social por aqui equivale à denúncia das expressões de quem visita um museu que expõe a arte subjetiva.
Porém, na maioria delas, lê-se o desapontamento de quem encontra-se inseguro, duvidoso de si próprio e de outros, desfalecido e incapaz de logicamente raciocinar, e, obviamente, desconfiado do que os mistificam habilmente.
Outros, certos críticos, em especial, aproveitam o vácuo para "épater les bourgeois".
Teorizam aquilo com o valor que se gasta para tecer um vocábulo técnico, desvendam nas telas (obras e perfomances) intenções e subintenções inacessíveis ao de cadeira distante, justificam-nas com a independente leitura do artista e concluem que o público é uma espécie de asinina e eles, os enturmados, um magote engenhoso de iniciados na Estética Subjacente.
Por fim, riem-se uns dos outros: o galerista do artista, o crítico do galerista, o artista permanece emaranhado, e os ratos, com suas ricas almas marginais, riem de ambos!
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