terça-feira, 22 de julho de 2014

"Dormência de Pele" - Por Tito Oliveira

Por Tito Oliveira - Da série Herméticos - "Contemporâneo"
 - óleo sobre madeira - 169x95cm - Coleção particular - São Paulo - 2010


Almoçava em um restaurante popular e fazia-me obrigado a assistir o noticiário do meio dia na edição do Jornal Hoje, da rede Globo. 

O telejornal apresentado por dois fantoches contaminados com o câncer reacionário, e que sorriem igual a duas hienas amebas, nos mostrava uma matéria que dizia respeito ao que os turistas pensavam do Brasil quando aqui estiveram durante a Copa do Mundo. 

Uma das observações tratava de como o povo brasileiro é festivo e simpático com os turistas. Assim sendo, analisaremos o grau de honestidade aí envolvido. 

Digamos que só se a cortesia for restrita aos estrangeiros europeus, já que a ideia de intercâmbio com o velho mundo é convidativa ao deslumbre e interesse de uma sociedade, na generalidade, vil. Entre nós brasileiros, ou entre turistas de nacionalidades pobres, cidadania e/ou civilidade beira ao inexistente. 

Diante do traço em questão, resta a dúvida: como é possível haver honestidade na educação e bom gesto de um pai de família perante seus amigos se este pouco respeita sua esposa e filhos?! Questionável. 

Em seguida enaltecia-se a falta de austeridade nas regras dos serviços públicos aqui prestados, quando em depoimento uma asiática dizia que em seu país era obrigatório, ao solicitar o transporte público, estar portando dinheiro trocado. Assim sendo, pergunto onde reside vantagem em adornar flexibilidade no caos?! Fácil de responder. Quando não existe consciência de que em quaisquer crescimentos sociais implicam na necessária organização. 

A última e mais curiosa reside em como os europeus, argentinos e americanos desfrutavam da praia. Estes sentem mais prazer ao posicionarem-se de frente para o mar e de costas para o sol, o que lhes é atribuído maior tranquilidade espiritual ao contemplar a energia do oceano e os protege de um possível câncer, já que evitam a exposição incessante ao sol. Os brasileiros, por sua vez, preferem posicionarem-se de costas para o mar e frente para o sol. Um dos entrevistados, canadense, ao ser perguntado sobre tal característica no brasileiro, observou que entendia o quanto estes eram vaidosos. Bom, melhor não nos prolongarmos muito sobre a aparente ausência de inteligência em tal contexto. Ou não?! 

Não sei explicar muito bem o que se passa em nossa natureza. Talvez tudo seja decorrente da resistência indígena, diante de sua inserção no âmbito "civilizado", em simbiose com a falta de veemência e pouco escrúpulo dos portugueses, durante a lamentável colonização das terras tupiniquins. O que resulta na indigesta análise dos respectivos apresentadores, tendenciosos ao fim da matéria telejornalística, quando afirmavam ter sido uma boa imagem passada pelo Brasil ao resto do mundo. E que isso significaria o retorno dos turistas ao país, já hipoteticamente inflacionando a economia. Dígamos que quando estamos indolentes, notar distinção entre diplomacia e realidade se faz quase equivalente à pintura surrealista.

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