quarta-feira, 30 de julho de 2014

"O Terror da Insensatez Diplomática" - por Tito Oliveira

Trânsito no Centro de Barcelona,
cidade da Espanha com quase 3 milhões de habitantes
 (Foto: Tito Oliveira) 
Para ter uma vida mais saudável em países como o Brasil, que ainda transita por um retardado subdesenvolvimento, é mais viável quando se vive em cidades do interior.
É claro que em questão está um país com proporções gigantescas, territorialmente falando. Por outro lado sua população também possui grande densidade, cerca de 200 milhões de habitantes, com probabilidade de erros para mais ou para menos. E como este provém de uma economia instável, salvo os inúmeros e incompreensíveis motivos que implicam em tal instabilidade, é aparente a já tradicional má distribuição de renda. O que induz maior concentração populacional em regiões onde encontram-se os mercados de maior potencial.
A contingência consequente desta realidade contribui para um equívoco incondicional sobre valores e prioridades, que resulta na negligência perante necessidades e direitos humanos. Portanto o caos.
Com o tempo em grandes centros cada vez mais desproporcionalmente valorizado, vide reflexões de antropólogos como Claude Lévi-Strauss ou filósofos como Michel Foucault, entre outros, a ausência de bons gestos no cotidiano de populações que experienciam metrópoles ou megalópoles, nos posiciona distantes do conhecimento para a importância do respeito entre as interações humanas. O que nos torna inconscientemente deprimidos.
O Brasil tem emergencial necessidade em estruturar setores como educação, saúde, etc. E é claro que esses são pontos fundamentais para um melhor entendimento cívico. No entanto é preciso entender que, quanto mais se justificam questões delicadas em meio a convivência social; ancorando-se na falta de melhor estrutura no país, o tempo pressiona e nada se transforma. Agravando-se ainda mais o que já é negativo em prol da inércia. 
Com base na delicadeza de tais fatos que se faz preciso alertar para a relevância em tomar medidas mais emergenciais. Começando em cidades menores, onde a densidade populacional se faz consequentemente menor. Logo, mais viável.
Se pensarmos na Europa, por exemplo, perceberemos que onde se vive melhor são em países de menor densidade populacional. Ressaltando que a comparação entre cidades do interior brasileiro com cidades pacatas europeias não é, em seu todo, adequada, uma vez que isso envolve tempo de existência, cultura e tradição. O que naturalmente altera comportamentos nas diferentes extremidades.
Se tratando de Brasil, e tendo em consideração a noção dos diferentes estados quando se vive socialmente em capitais ou em cidades do interior, a atenção para a qualidade de vida se faz mais gritante. Já que no interior se tem o privilégio de respirar um ar mais puro, de alimentar-se com uma comida mais orgânica, ou de se relacionar com demais cidadãos de maneira mais amistosa e cortês, ainda que não os conheça. Estes são os aspectos positivos de uma cidade pacata, entretanto, a face negativa se dá na banalização dos contratempos. Tendo como consequência uma violência incompreensiva, que na generalidade se faz oriunda da ignorância ou exclusão social.
É óbvio que não haverá como solucionar tal realidade sem antes cuidar do que já sabemos: educação, economia, blá, blá, blá... E nós, brasileiros, temos, enquanto caráter, grande dificuldade de aprendizado. Já que refuta-se tipicamente a aceitação do que é consensual em favorecimento do que encontra-se entranhado em nosso hábito. O trânsito por aqui comprova o fato.
É preciso começar por algum ponto. E já que no Brasil o trânsito é onde se tem mais acidentes consequentes de mortes, deve-se imprimir mais atenção e urgência em transformar o catastrófico perfil.
O motorista brasileiro age com o estômago quando está dirigindo. É imprudente e entende a posse de um automóvel como poder e não como meio de transporte. O que o estimula, ao enxergar um pedestre em longa distância tentando atravessar uma faixa de sua preferência, acelerar o carro (ou moto) para apressar os passos do mesmo com o impulso do terror.
Em cidades interioranas, que são menores territorial e populacionalmente, existe um expressivo crescimento na aquisição de meios de transportes por cidadão, sejam estes automóveis, motocicletas ou simplesmente bicicletas.
Estas cidades possuem ruas e avenidas comumente menores. Onde é necessário maior atenção, pois existe a cultura de crianças brincando livremente nas ruas, o que é bonito e já não existe em grandes centros. Contudo é necessário preservar. Tornando urgente uma maior contenção nos condutores de veículos quaisquer, com medidas mais eficazes por parte das autoridades públicas. Compreendendo que o crescimento implica na organização.
A cronologia se daria primeiro na necessidade de melhor sinalização, seja esta para condutores ou para pedestres, sobretudo mantendo a integridade das faixas e semáforos. Além de ser necessário insistir em campanhas de educação no trânsito como auxílio. 
É incompreensível, em caráter de organização, não haver semáforos ou faixas de pedestres em cruzamentos de ruas e avenidas. Ainda que em cidades menores o fluxo no trânsito seja indiscutivelmente menor, é preciso organizar. Ou então estaríamos atordoados por pensar que no interior do Brasil se pode dirigir carros com a mesma ausência de sinalização que tem Nova Deli, na Índia. O que seria uma bobagem, já que o estado de espirito do brasileiro é compulsivo.
Lagarto, cidade da região Centro Sul do estado de Sergipe, possui aproximadamente 100 mil habitantes e tem grande parte da população conduzindo um veículo, o que se faz expressivo para uma cidade pequena. Simão Dias, cidade vizinha no mesmo Estado, que tem ainda menor densidade populacional, deve ter ainda mais cidadãos em posse de um veículo. A quantidade de graves acidentes envolvendo carros, motocicletas e até animais, por semana; nas duas cidades ou no trajeto de uma para a outra, é tão assustadora quanto os bombardeios no Oriente Médio.
Uma vez não sendo toda reflexão apresentada por meio de vivência recorrente, suficiente para estimular consciência sobre a educação no trânsito, é preciso maior rigor perante a imprudência. E se existe algo que faz o brasileiro conter seus impulsos é quando o assunto toca em seu bolso. Medidas como multas de valor alto por infração, com curto prazo de pagamento, acarretando em prisão preventiva mediante falta deste, não solucionará, mas reduzirá expressivamente o número de acidentes oriundos da indisciplina. Sendo de mais fácil aplicação em cidades menores.
É certo que diante disso pensarão em negligência judicial, com mais austeridade para uns do que para outros. O que se faz um fato. Porém atualmente possuímos suportes, como a tecnologia, que auxiliam na comprovação de fatos em tempo real. E não havendo fiscalização por parte do poder público, nós mesmos, cidadãos, temos o poder e o direito de fiscalizar. Do contrário, só nos resta ser permissivos ao igual começo na construção de realidades caóticas em grandes cidades que, um dia, já foram pequenas. Ou o melhor mesmo seria manter-se calado. 

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