Por Tito Oliveira - pintura da série Herméticos - "Projeção" - esmalte sintético sobre madeira - 95x169cm - São Paulo - 2007 |
No ranking mundial, estamos à frente apenas de países muito mais pobres que o nosso, como a Nigéria, por exemplo. Nação mais corrupta do globo.
Saber disso já soa desaforado perante os direitos do contribuinte, ou simplesmente humanos.
Imagina, então, fazer parte e se desdobrar em meio a seu sistema de trabalho precário, provido de pouco escrúpulos com o profissional, militante deste universo.
Muitas vezes pensamos, equivocadamente, que o problema se dá numa geração transviada, desinteressada e de valores trocados.
Outras vezes analisamos que no lugar de educadores, deveríamos ser chamados de orientadores.
Quer dizer, se a escola é uma instituição interposta entre as necessidades do mundo e os valores pré-estabelecidos no lar, na ausência da necessária participação dos pais o tutor pouco poderá realizar se não desempenhar uma posição que pouco lhe cabe, negligenciando o real motivo que o constitui professor: ensinar.
Que todo ocaso se faça decorrência de um sistema constitucional desprezível às necessidades básicas de sobrevivência que se fundamentam na educação, já não se traduz em novidade alguma.
Porém, é preciso refletir sobre até que ponto o fato de encontrarmo-nos, enquanto profissionais, cidadãos, habituados com tal descaso, nos exime de estarmos entusiasmando todavia mais a gravidade do caso.
Em muitos momentos, sorrio por ter aprendido a sorrir de mim mesmo. Levando a sério, cada vez mais comumente, nuances no acaso ou entre a vida animal.
Pois cheguei a desejar, por instantes; ao observar o recinto frio em que os alunos são submetidos à transitar espontaneamente, que mentores de tais instituições sagrem para provar que são reais.
Parei de fazê-lo.
Muitas vezes, para não expelir reações a plenos pulmões, é necessário trajar o perfil da ingenuidade, do contrário sobrepõe-se demais horizontes possíveis.
Fato é que desconheço a agonia que amam. Suponho, por clara evidência, ser bastante.
Muitas, presumo, devem ser batizadas na água, outras, em chamas.
Sei apenas que há mais na vida do que o que nos faz chorar.
Estas lágrimas não são razão para meu luto.
Não sofrerei com um olhar de ódio e desprezo.
Meu pedestal é adornado com o frescor das flores.
Em muitas das ocasiões, penso em dizer para que desliguem as luzes e que permitam-me olhar dentro de suas almas.
Nasci e sangrei para abraça-los.
A má remuneração nada significa perto da dor sofrida num trabalho inconsistente, pouco fundamentado.
O que seria isso se não uma espécie de inferno gentil?!
Por sorte, o meio é a relação humana e, vez em quando, é possível escutar a rua tocar uma música que eu conhecia e que, por vez, acaba levando-me mais próximo de mim.
São músicas que chamo de minha, que faz-me adentrar a casa da minha infância, onde eu poderia, ao menos, encontrar o meu nome.
Se assim não fosse possível, só teria a mim para culpar.
Por todas essas coisas, foi preciso saber que o sereno do azul é estimulado por sua única vontade de vivê-lo.
Voltei a sorrir!
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