segunda-feira, 3 de novembro de 2014

CINEMA - c r í t i c a / d i c a - "Sete Dias Sem Fim" - por Tito Oliveira

O filme "This Is Where I Leave You" foi lançado em 2014 e a tradução para o Brasil é "Sete Dias Sem Fim".

Dirigido por Shawn Levy (de Uma Noite No Museu), tradicional diretor de rasas comédias, o longa é comovente e provocador.

A história se dá com a morte do patriarca da família, onde quatro irmãos adultos são forçados ao retorno à casa de suas infâncias para juntos viverem sob o mesmo teto por uma semana. Além de sua mãe e uma variedade de cônjuges, como ex-namorado(a)s etc.

Em sua Trivia algumas curiosidades intrigam.

No romance de Jonathan Tropper, fonte que deu origem ao filme, o personagem principal, Judd (Jason Bateman), lembra um tempo em sua infância, quando viu sua mãe exercitando-se em um de seus vídeos de treino e disse à própria que esta era mais bonita que a Jane Fonda.

Nesta versão da história para as telas de cinema, a mãe de Judd é interpretada por Jane Fonda.

O enredo diz respeito a uma família em luto de "Shiva", o que significa que eles estão participando do ritual de como uma família judia, em si, realiza a primeira semana de luto após um ente querido morrer.

Durante esse tempo, os familiares do falecido (seus pais, filhos, irmãos e cônjuge) se reúnem diariamente em uma casa para receber os visitantes que oferecem condolências (e muitas vezes comida).

Os espelhos são cobertos, e os enlutados se sentam em cadeiras baixas para participarem, periodicamente, da recitação de orações específicas de lembranças; a tradição estipula que os visitantes de condolências devem permitir que os enlutados falem primeiro, para evitar que os visitantes digam algo inapropriado perante a dor dos familiares.

A palavra hebraica "Shiva" significa, literalmente, sete, o número de dias à dura observância.

Confrontando suas histórias e os estados desgastados de seus relacionamentos entre as pessoas que conhecem e amam, eles finalmente se reconectam de forma que afetam-se histérica e emocionalmente em meio ao caos, humor, dores de cabeça e redenção que somente as famílias podem fornecer.

Este é um daqueles filmes capazes de desconstruir quaisquer expectativas quando se dispõe ir até seu registro.

Sua essência desencadeia uma série de problemáticas emocionais quando, após a morte do pai, uma grande família tem de participar de uma Shiva judia, sentados, durante sete dias.

Eu não tinha ideia do que era uma Shiva.

Como dito acima, é quando um membro de uma família se senta ao redor da casa em um determinado momento de um funeral, durante sete dias, e amigos e familiares param para oferecer condolências.

Ao que consta, a família no filme não é judia, ou ao menos não são judeus praticantes.

Hillary Altman (Jane Fonda) é a mãe que não se importa de partilhar tudo que sente e, aparentemente, tem pouco filtro.

Judd é o irmão do meio, cuja esposa, Quinn (Abigail Spencer) foi dormir ao redor, na cama de outro homem. Pouca novidade na família.

Paul (Corey Stoll), o mais velho do grupo, parece ter uma vara no rabo, é irritante, mas, no fundo, sensível.

O irmão mais novo, Phillip (Adam driver) é a ovelha negra da família e parece ter uma longa história de encrencas.

Depois, há Wendy (Tina Fey), que está ali apenas para manter todos na linha, presume-se, esquecendo-se de suas necessidades emocionais.

Cada membro desta família apresenta um problema, mesmo o garotinho filho de Wendy, Cole (Cade Lappin), que aprecia defecar num penico de plástico na presença de todos.

Callen (Timothy Olyphant), era o vizinho que tinha sofrido um acidente de carro e carregou consigo alguns problemas mentais como consequência, mas manteve-se cativante.

É evidente, no filme, que os irmãos não estão juntos há algum tempo e esta é a oportunidade de reconectarem-se ou, ao menos, experienciarem o que está acontecendo em suas respectivas vidas em comunhão.

A impressão que se tem, com um elenco como este, é de uma comédia trivial, meramente engraçada.

Porém, rir-se menos do que poderia-se imaginar, uma vez que as reflexões em seu meio evocadas são quase que incessantes.

O roteiro é surpreendente, tem fundamento humanista, pouco racional.

Parece estranho e desconfortável, o que faz do filme um convite à adentrar um quarto escuro e desconhecido.

O espectador poderia pensar que com o aval de um produtor veterano como Shawn Levy, faria deste filme aquela comédia em que todos morreriam de rir sem nada entender.

Bom, sugiro que pare de ir ao cinema cheio de expectativas, e que apenas vá ao cinema, veja o que um diretor que acompanha tem a lhe oferecer, permitindo-se à surpresas. Do contrário, pesquise muito a respeito do que irá assistir antes de submeter-se à frustrações.

Em resumo, trata-se de um filme surpreendente.

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