segunda-feira, 27 de outubro de 2014

CINEMA - c r í t i c a / d i c a - "Celeste E Jesse Para Sempre" - por Tito Oliveira

Lançado em 2012, "Celeste E Jesse Para Sempre" é a tradução literal do título original de um filme dirigido pelo jovem Lee Toland Krieger, também idealizador do premiado "The Vicious Kind", de 2009.

O roteiro é escrito por Rashida Jones e Will McCormack, que atua no filme interpretando Skillz, fornecedor de maconha do casal. 

Para roteiristas iniciantes, o trabalho é visivelmente espirituoso, ainda que esbarre em clichês. 

Alguns problemas nas falas são questionáveis. O personagem Celeste, da atriz Rashida Jones, por exemplo, é uma especie de prognosticador da tendência bem sucedida que repete jargões cansativamente.  

A fotografia não sugere nada.

Porém não existem grandes erros de continuidade, a não ser pela situação de quando Paul (Cris Messina) pede cervejas para ele e Celeste no bar, e a este é entregue uma garrafa que está com a quantidade do líquido pela metade.

Celeste e Jesse (Andy Samberg) namoraram na escola, se casaram e no momento estão se divorciando. 

Seus melhores amigos não acreditam que eles possam manter a amizade por conta de toda dissolução que implicou no fim do casamento, mas Celeste e Jesse não acham que este será um problema. 

Até Jesse entrar num relacionamento que Celeste entende ser demasiado para a responsabilidade dele. 

Logo Celeste encontra-se com mais dificuldade de seguir em frente com sua vida do que pensava inicialmente.

Do ponto de vista de alguém externo à intimidade entre os personagens, Celeste e Jesse são o casal perfeito. São divertidos, cantam juntos e se conhecem há muito tempo. 

No entanto, por motivos não aparentes no filme, estão se separando. 

Jesse, entre os dois, ainda não é bem sucedido profissionalmente. 

Com a separação, mudou-se de casa para o quarto de hóspedes, um estúdio na parte de trás da casa. 

É um artista desempregado e mal situado emocionalmente. Pois se confunde entre a necessidade de projetar-se no mercado de trabalho e viver livremente quem realmente deseja. Logo, não define sua posição em estar ou não com Celeste. 

Perante tamanha confusão, Celeste acabava o apreendendo previsivelmente. Então optou por estar ali o experienciando até não sentir mais vontade de tê-lo próximo. Mas ele se foi. Então Celeste já não sabia quem era sem Jesse.

No trabalho Celeste tem uma relação confortável com Scott (Elijah Wood), um homossexual que faz piadas gays bregas para se afirmar ainda mais homossexual. Além de fazer previsões de tendências promovendo seu novo livro 'Hitegeist ", que consiste na morte da cultura pop com qualidade. 

Sua empresa também explora o mercado de novas marcas e novos artistas. E é nesse contexto que surge a nova cliente, Banks Riley (Emma Roberts), porém Celeste e Riley não se entendem e o desdobramento da produção se dá em solo infértil. 

O desastroso desempenho no trabalho é um reflexo das dúvidas e arrependimentos que perturbam Celeste diante da vida pessoal. Que a faz refletir se Jesse era assim realmente negativo. 

E agora que ele está fora de sua vida, Celeste questiona seu amadurecimento e busca preencher a lacuna existencial com a presença repentina de outra pessoa.

Com a maioria de suas tomadas dada na repetição de uma câmera de ombro dinâmica recorrente no modo cinematográfico contemporâneo, elenco que nos insere numa atmosfera de uma quarta-feira à tarde; comendo pipoca e assistindo um seriado na TV a cabo, além de conter todos os ingredientes de um romance, o longa surpreende por consistir, de fato, numa comédia dramática que discute o amadurecimento na convivência com o próprio Eu.

Apropriado para ver antes da reunião social no fim de semana, ou num domingo de ressaca.

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