sábado, 18 de outubro de 2014

CINEMA - c r í t i c a / d i c a - “Kagemusha, a Sombra do Samurai” - por Tito Oliveira

Quando um guerreiro poderoso no Japão medieval morre, um ladrão pobre, recrutado para personificá-lo, encontra dificuldades para assumir seu papel em confrontos com o espírito do senhor da guerra durante tempos turbulentos em seu reino.

Dirigido por Akira Kurosawa, o longa “Kagemusha, a Sombra do Samurai”, de título original homônimo, é ambientado no Japão medieval.

Vencedor da Palma de Ouro de 1980, o filme narra, com riqueza de detalhes, passagens verídicas na história japonesa, como a batalha de Nagashino, em 1575. Situado durante o período Sengoku da história japonesa. Também conhecido como o Período dos Reinos Combatentes.

Passou, a partir de meados do século XVI (1500), para o início do século XVII (1600).

Foi um período de turbulência política constante, rebelião social e guerra militar.

Ele acabou resultando na criação do xogunato Tokugawa, que unificou a força regional e deu estabilidade política para o Japão.

O ator Tatsuya Nakadai desempenhou dois papéis no filme: Kagemusha e Shingen Takeda.

Nakadai, categoricamente, construiu um jogo de gestos tão harmonioso que nos confunde sobre o ator ter concebido o personagem ou o personagem ter se apropriado do caráter do ator.

O senhor da guerra que o Kagemusha personifica foi baseado no Japão feudal daimyo (senhor territorial ) Takeda Shingen.

Curiosamente, foi necessário, para a composição do cenário e do figurino, o auxílio de museus japoneses no empréstimo de tesouros nacionais importantes, a exemplo de trajes e armaduras reais.

Duzentos cavalos foram especialmente treinados e transportados dos EUA até a região onde o filme foi rodado.

Para a época, tratava de uma produção audaciosamente colossal.

Discorrer sobre a hermética cinematográfica de Akira Kurosawa não é, digamos, tarefa fácil.

No entanto, para estar perante um gênio é necessário, antes, admitir sua imperfeição.

No decorrer desta obra clássica do cinema mundial,  outro fato que invoca maior observação se dá quando o personagem Kagemusha está sendo ejetado do composto clã Takeda, e é visto com o braço esquerdo em um pano de fundo na cor roxa escura, que cobre a maior parte da mão e antebraço.

Como a câmera registrou o plano com alterações em um tiro de filmagem um pouco mais longo, o sling (ou estilingue) é, de repente, muito mais estreito, o que, por consequência, expôs muito mais de sua mão e antebraço do que realmente desejava mostrar.

Nada que abale a majestade de sua sugestão, obviamente.

Boa parte do filme narra eventos históricos reais, incluindo a morte de Shingen e os dois anos de segredo, além da batalha do clímax de Nagashino, em 1575.

Estas cenas também são modeladas de perto sobre as contas detalhadas da batalha.

Na batalha dada no final do longa, há pelo menos 100 fuzileiros mostrados enquanto disparam seus rifles.

O fumo gerado pelos mosquetes se dissiparam quase que em imediato.

Isso indica uma pólvora mais moderna do que a costumeira utilizada nos efeitos da cinematografia no período em ocasião.

Também foram utilizados nos mosquetes, como carga historicamente correta, a pólvora negra que deveria cobrir o campo de batalha com uma espessa fumaça, depois de um punhado de voleios.

"Kagemusha" foi considerado um filme provocador e de direção tipicamente criteriosa.

Além de vencer o conceituado prêmio Palma de Ouro em Cannes e o César de melhor filme, também foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Aqui está, sem dúvidas, o convite para o registro de um dos mais adequados filmes a introduzi-lo no universo denso, histórico e extraordinário de Kurosawa.

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