quarta-feira, 6 de agosto de 2014

POUCAS & BOAS - "Lugar De Sujeira Não É Embaixo Do Tapete" - por Tito Oliveira

Por Tito Oliveira - Da série Herméticos - Sobrepostos -
óleo sobre madeira - 169x95cm -
São Paulo - 2010
São Paulo não é New York e o Rio de Janeiro não é Paris, definitivamente. Ou é preciso que a informação seja estampada na testa de cada brasileiro?!

A chamada na matéria do jornal dizia assim: "Após Copa, mendigos voltam a Copacabana e reclamam de recolhimento forçado". 

A Copa do Mundo chegou e mendigos foram retirados das ruas de bairros tradicionais da capital carioca, ainda que "contra" a razão judicial. Controverso.

Como se o problema da sujeira no Rio de Janeiro ou demais cidades do Brasil fosse simples de resolver com uma falsa ausência de mendigos.

Ou seja, num país com hábito de jogar lixo onde se bem entender como viável fazê-lo, na presença de quem quer que seja, de dentro dos carros em andamento (como vi muito em SP, não apenas) ou na presença de crianças; tendo em seguida o mesmo gesto desta, não seria mais eficaz despovoar os nativos da terra para a sala de estar ganhar verdadeiro ar de elegância?! Ou é preciso enfatizar que tal ocaso na educação se dá, claro, também na relação com drogas, violência gratuita etc?

E quem me disser que isso é aparente apenas em regiões de classe baixa eu o desafio a provar, pois o lamentável perfil encontra-se nas mais diferentes classes sociais, uma vez que a alta sociedade do Brasil não se faz educada, mas pasteurizada. 

Como exemplo digo que a burguesia emergente, ou não, quando encontra-se em suas regiões colabora em mantê-las com imagem intocável, mas quando está compartilhando de espaços públicos mostra quem realmente é, de fácil representação quando em regiões centrais de suas cidades. 

Educação nada tem a ver com status, mas com natureza, princípios e boa apreensão das necessidades em bem comum. 

Em algumas cidades do interior, administrações municipais contam com a sorte de ter uma população com costume de limpar suas casas e preservar sua cidade, mas não os educou para isso, o que é negligente e recorrente no país. 

O que quero dizer é que enquanto o brasileiro não entender que pessoas mais velhas devem ser melhor tratadas, que crianças devem ser melhor tratadas e isso não significa apenas casa, comida e diversão; que animais precisam ser melhor tratados e que dois corpos não ocupam o mesmo espaço viveremos afogados em nossa própria estupidez. E não será escondendo mendigos dos olhos de turistas que nossas cidades se tornarão melhores. 

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