quinta-feira, 7 de agosto de 2014

POUCAS & BOAS - "A Selfie Do Primata" - por Tito Oliveira

Por Tito Oliveira - Da série Herméticos - "Eremita" -
óleo sobre madeira - 185x95cm -
coleção particular - São Paulo - 2010
Essa coisa de intolerância é mesmo um atraso. 

No Brasil o traço raras vezes tem cor transparente. Em geral este é camuflado e com o adorno da "simpatia" que apresenta boas vindas. 

Porém, na maioria dos casos de emigração de um estado para imigração em outro, nas diferentes regiões do mapa nacional, a boa vinda pouco tem de boa.

Se for pobre; seja bonito, se for negro; seja bonito ou estiloso, se for gordo; tenha dinheiro. A menos que esteja disposto a experienciar a triste condição de conviver com pouca verdade e na subserviência do que discorda. 

Rio de Janeiro. Recinto onde todo nordestino é "paraíba". E não é porque a ignorância recorrente no país distancia o carioca do conhecimento geográfico (já admitindo que em muitos casos também é isso), mas desprezo mesmo. Eles pouco se importam se o reconhecimento da origem de alguém pode ser sinônimo de elegância e respeito a outro cidadão. 

Se fosse para transitar na pobreza da mesquinhez, seria preciso ressaltar sobre a sensação que se tem ao escutar um carioca falar. O tom do sotaque na cidade "maravilhosa" imprime constante temor de um assalto a qualquer instante. Mas a gente não tá aqui para frisar o aspecto que condiz apenas à diferença. 

Os sulistas esbofeteiam-se na briga irrisória rumo ao trono de quem mais apanhou dos nazistas durante o holocausto. E ainda que habitem o plano mais miscigenado do globo continuam pensando correr em suas veias sangue ariano. Alguém precisa alertá-los que agora é igual a 79 anos depois. Suponho que essa árvore já não tenha frutos assim "tão limpos". 

Os nordestinos, em geral, brigam entre si para saber quem nasceu menos feio ou cafona, em meio a familiares ou nas rodas de amigos. Embora seus conceitos de beleza sejam de valores comumente trocados, confusos ou pouco elucidados, como queira. Logo são, em grande parte, tomados por um complexo de inferioridade que lhes atribui a agressividade de uma serpente sega e insegura.  

Paulista pronuncia companhia assim: "compaNia". Comumente assassina o português iniciando uma frase no plural para em seguida finalizá-la no singular. Um dos mais comuns entre as centenas de exemplos sobre isso se dá na famosa frase: "As mina tá chegaNo, Mano". A poluição deve beirar o estado de alerta chinês. Contudo desdenham de Nordestino com a tentativa de desfazer da rapadura. 

Estes não entenderam, até então, que a rapadura é uma matéria prima tradicionalmente produzida com a extração da cana de açúcar. É original do Nordeste, bem como vasta gama de demais produtos na culinária brasileira. 

Xenofobia é algo muito sério e sua prática é espirituosamente pobre, feia. Causa cegueira, obtusidade. 

Caso haja equívoco em minha reflexão a respeito do coração per capita, será preciso explicar porque paulistas não discorrem sobre a quase inexistente originalidade de São Paulo, vide sua proporção territorial e populacional. Digamos que podemos denominar sua capital de a miscelânea da repetição! 

Até mesmo o prato que leva o nome de "virado à paulista" briga com Minas Gerais para saber quem realmente o criou. 

No nordeste a macaxeira é comunhão e afirmação de identidade. E para os adeptos da ostentação na palavra "chique", "diferente", é melhor entender que nobreza reside mesmo na educação e na compreensão. Do contrário passará vergonha montado numa BMW e pedindo queijo ralado para comer com pasta ao frutos do mar, fazendo garçom nordestino dar risada. 

Ou seja, em meio a toda macacada humana, melhor é aquele que olha para o rabo.

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