quarta-feira, 13 de agosto de 2014

POUCAS & BOAS - "Só Não Vê Quem Não Pode" - por Tito Oliveira

Por Tito Oliveira - da série Herméticos - "Lúcidos" -
óleo sobre madeira - 
169x95cm -
São Paulo - 
2010
A internet alterou, mas não extinguiu o fato de existir um número assustador de pessoas que veem o mundo literalmente pela televisão e através de tal referência conduzem limitadamente suas vidas. 

Digamos que seja melhor tornar público toda a hostilidade perante a "classe inferior", como é dita por quem a explora de uma forma ou de outra. 

Seria preciso que a "inferioridade" entendesse que o problema não reside na pobreza, mas na ignorância. 

Assim não pretenderiam a elegância por meio do berço trivial, como, por exemplo: estimar faustos silvas, bigs brothers  ou protagonistas das telenovelas sem antes entender o que se encontra por trás do "entretenimento". 

Em grande parte o distanciamento do consciente induz a uma alienada crença de que guiar lamborghinis ou trajar etiquetas em forma de brasão de imperador; adquiridos com o balancear de nádegas arrebitadas e abdômens turbinados são o apogeu da evolução humana. 

Entendo que a cultura popular no Brasil contemporâneo, na sua maioria, é originária de uma espécie de catarse que possui a durabilidade de um fim de semana. Provocado por um incessante e incompreendido sofrimento na estressante rotina. 

Por outro lado é preciso que entendam o quanto antes o bom estado da lucidez evocado pela educação. Apenas assim seria possível proteger-se da pobre falácia emersa da "classe superior", e logo expor o duvidoso caráter "classudo" aos olhos do espelho.

Rodrigo Constantino escreveu desta forma na revista Veja: 

"Não toleram as "patricinhas" e os "Mauricinhos", a riqueza alheia, a civilização mais educada. 
Não aceitam conviver com as diferenças, tolerar que há locais mais refinados que demandam comportamentos mais discretos, ao contrário de um baile funk. São bárbaros incapazes de reconhecer a própria inferioridade, e morrem de inveja da civilização".

Diante de tamanha "nobreza" é necessário dizer que o Constantino e a revista Veja não são em seu todo negativos, uma vez que nos convidam para vê-los em seus mares com odor de peixe apodrecido. Só não os sente quem não provém de bom olfato ou quem possui deficiência visual. Em questão, os que ainda não justapuseram o valor da educação às suas necessidades. 

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